O Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática – Área Ambiental I Porção Capixaba do Rio Doce e Região Costeira e Marinha Adjacente (PMBA) – é executado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) por meio da Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) e tem o objetivo de apoiar as ações reparatórias de interesse público relacionadas aos impactos causados pelo rompimento da barragem de Fundão na biodiversidade aquática. O mapa de atuação do PMBA compreende ambientes continentais (rios, estuários, lagos) e marinhos (praias, costa e mar), contemplando a porção capixaba da bacia hidrográfica do rio Doce e faixa marítima de Guarapari (ES) até Abrolhos (BA). O programa tem o objetivo de identificar os impactos agudo e crônico sobre as espécies e a cadeia alimentar, além de avaliar o habitat de fundo marinho, a qualidade da água e a ecotoxicidade, ou seja, o potencial tóxico de contaminação por metais nos organismos vivos e físico-químicos (sedimentos, água, temperatura, luz, etc). Para realização do monitoramento, estão envolvidos cerca de 500 profissionais, entre eles colaboradores, pesquisadores e acadêmicos. Além disso, é priorizada a contratação de mão de obra local, como pescadores e catadores de caranguejo. São utilizados na pesquisa drones, aeronaves e embarcações de pequeno, médio e grande portes, além de sensores de diversos tipos, imagens de satélites e boias automatizadas, equipadas com instrumentos específicos para esse tipo de estudo. O PMBA é dividido em três ambientes (Dulcícola, Costeiro e Marinho) e 34 áreas temáticas. Cada uma delas realiza expedições de coletas e estudos específicos voltados ao seu campo de atuação. São elas: Ambiente Dulcícola: Modelagem hidrológica A Modelagem Hidrológica possibilita conhecer melhor as condições de chuva, vazão e sedimentos das áreas monitoradas pelo PMBA. O estudo fornece informações sobre as características abióticas dos pontos onde acontecem as coletas de amostras para posterior análise, necessárias para a complementação da avaliação dos impactos do rejeito. O método utilizado é de fundamental importância para a verificação do balanço hídrico da bacia do rio Doce, que permite conhecer a quantidade de água aportada na foz do rio, ambiente estuarino-marinho localizado em Regência, Linhares (ES). Além de permitir conhecer os dados climáticos da bacia do Doce, tais como velocidade do vento, umidade relativa do ar, precipitação pluviométrica e incidência de radiação solar, com a modelagem hidrológica é possível saber, também, o percentual de água que vem das diversas regiões existentes na bacia, ou seja, dos principais afluentes do rio Doce. A partir de 2022, foi incorporada ao monitoramento a modelagem de sedimentos, facilitando o reconhecimento da locomoção do rejeito na bacia. Avaliação de uso e ocupação do solo da bacia x qualidade da água Esta área temática é responsável pela caracterização e análise das inter-relações envolvendo ações na bacia hidrográfica do rio Doce e os aspectos que envolvem a quantidade e qualidade da água e a biodiversidade aquática. Para isso, a equipe acompanha as ações de compensação e recuperação ambiental desenvolvidas pela Fundação Renova, propondo medidas de controle e melhorias e buscando maximizar os impactos positivos e minimizar os impactos negativos. O levantamento e análise dessas informações, bem como sua espacialização sobre território delimitado pela bacia do rio Doce, subsidiam mais elementos para qualificar as análises de dados. A partir da investigação feita por meio da modelagem e otimização, é possível compreender os efeitos dessas ações na quantidade e qualidade da água, na biodiversidade e também nos fluxos de água, no sedimento e nos nutrientes. Hidrologia e Transporte de Sedimentos A área temática Hidrologia e Transporte de Sedimentos realiza o monitoramento dos aportes de águas (vazões) e de descargas de sedimentos no rio Doce. Também são avaliadas concentrações de sedimentos e os tamanhos dos grãos (granulometria) dos sedimentos no leito e suspensos na água. Os dados monitorados permitem estabelecer uma relação entre altura do nível da água do rio e sua vazão, para que possam ser calculados os aportes de água e, posteriormente, de sedimentos. Além dos fluxos de sedimentos, também são feitas estimativas de fluxos de nutrientes e de metais no rio Doce com o objetivo de subsidiar outras áreas temáticas do PMBA, auxiliando na interpretação conjunta dos resultados, principalmente, no que diz respeito à contribuição continental sobre a qualidade da água na região costeira adjacente à foz do rio Doce. O excesso de sedimentos nos corpos d’água pode alterar suas características físico-químicas, reduzir a camada onde ocorre a penetração da luz, causar assoreamento, alterar processos químicos naturais e liberar poluentes agregados às partículas dos materiais sedimentares (nutrientes e metais pesados, por exemplo). Além disso, podem prejudicar muitos organismos aquáticos por causa do soterramento e entupimento de suas estruturas respiratórias (brânquias) por dificultar a coleta (seres filtradores) e a busca visual por alimento. As alterações nos fluxos de nutrientes e de metais no ambiente aquático podem impactar a dinâmica das comunidades biológicas, prejudicando todo o ecossistema. É durante os períodos chuvosos, vazões mais altas, que ocorre maior aporte e transporte de sedimentos nos cursos d’água, alterando processos ecológicos com aumento de turbidez ou ressuspensão de contaminantes depositados no leito e margens do rio. Limnologia Os estudos limnológicos têm como objetivo avaliar as condições ecológicas dos ecossistemas aquáticos dos rios, lagos e lagoas com ênfase em aspectos físicos, químicos e hidrobiológicos. Para isso, são coletadas amostras de água e sedimento nos ecossistemas aquáticos da região do baixo rio Doce, localizada no estado do Espírito Santo, em até 45 metros de profundidade como no caso do Lago Palmas, em Linhares. São analisados parâmetros físicos (temperatura, turbidez, material particulado em suspensão), físico-químicos (pH, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e potencial Redox), hidroquímicos (salinidade, nitrogênio, fósforo e silício) e hidrobiológicos (clorofila-a). É estudada a composição do sedimento dos rios e lagos através de análises de granulometria (cascalho, areia e lama), densidade e concentrações de matéria orgânica e diferentes formas de fósforo. Minerologia O estudo mineralógico no rico Doce, lagos e lagoas busca fornecer subsídios para melhor compreender a dinâmica físico-química e biogeoquímica desses ecossistemas aquáticos. Através da identificação e estimativa quantitativa da composição mineralógica dos sedimentos e dos materiais particulados em suspensão na … Ler mais